EXPOSIÇÃO ÁLVARO LAPA NO TEMPO TODO 08 FEV – 13 MAI

ÁLVARO LAPA: NO TEMPO TODO

A exposição “Álvaro Lapa: No tempo todo” é a mais abrangente retrospetiva da obra deste artista (Évora, 1939 — Porto, 2006) alguma vez realizada. Artista autodidata e escritor, a sua formação académica concretiza-se por via da filosofia: é na qualidade de professor de Estética na Faculdade de Belas Artes do Porto que a partir de 1976 e durante mais de duas décadas vai deixar uma marca indelével em gerações consecutivas de artistas.
A exposição em Serralves junta obras de importantes museus e de coleções institucionais e privadas, incluindo coleções pertencentes a artistas, arquitetos e escritores que definiram, também eles, a paisagem artística e intelectual em Portugal na segunda metade do século XX. Pela primeira vez estarão reunidas mais de 290 obras de vários períodos da carreira de Álvaro Lapa, abrangendo pintura, desenho e os raros objetos que criou, numa exposição que evidencia o extraordinário contributo do artista para a arte contemporânea.
Álvaro Lapa é uma das figuras mais enigmáticas da arte portuguesa do século XX, com um corpo de trabalho tão relevante e visualmente atrativo quanto elusivo. Ao longo de quatro décadas, Lapa aproximou tradições díspares da pintura portuguesa através de uma exploração sustentada do território da pintura enquanto texto.
A obra do artista estrutura-se em grande medida em torno dos géneros da paisagem e do retrato, e frequentemente nos espaços entre eles. O léxico visual de Lapa consiste em séries narrativas que incluem a palavra escrita, fragmentos de linguagem e trechos de conversas, bem como elementos pictóricos e autorretratos abstratizantes. Os seus “Campésticos” — um neologismo inventado pelo artista que combina as palavras ‘campo’ e ‘doméstico’ — aliam o espaço doméstico à horizontalidade da paisagem. O trabalho de Lapa é também marcado por uma intensa e prolongada relação com a literatura, refletida na sua série de pinturas intitulada “Cadernos”, dedicada a figuras literárias como Homero e Rimbaud.
A exposição é organizada pela Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea e comissariada pelo curador convidado Miguel von Hafe Pérez.